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O incêndio no Maracanãzinho

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Na manhã de domingo do dia 08 de março de 1970, o Maracanãzinho foi acometido por um grave incêndio que destruiu o revestimento termoacústico da cúpula do prédio.

Fonte: Vista aérea do Complexo do Maracanã. Maracanãzinho localizado ao lado esquerdo do túnel de acesso ao Estádio, sem data. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, BR.RJ.AGCRJ.ICO.ETD.MAR.191.01.13.

 

O ginásio, que por cerca de duas horas sofreu com o impacto do fogo, não estava preparado para aquele sinistro. Nos dias posteriores, a imprensa repercutiu a negligência com a segurança do espaço, já que faltavam extintores, reservatório de água suficiente para conter as chamas e, principalmente, um seguro que protegesse o edifício:

Consumado o incêndio, veio a incerteza quanto à existência de seguro contra fogo. A conclusão geral é de que a administração pública não é capaz de prever hipóteses como incêndio e agir preventivamente, tanto com a contratação de seguro como de um dispositivo de segurança permanente de extintores. Se fossemos mais adiantados um pouco, seria o caso até de haver reservatório de água”. (Jornal do Brasil, 10 de março de 1970, p. 6).

 

Após o incêndio, a Administração dos Estádios da Guanabara – Adeg se pronunciou sobre o interesse em segurar o Maracanãzinho após a sua reconstrução. De acordo com o Jornal do Brasil: “o Maracanãzinho não foi segurado antes porque a Adeg não acreditava que o fogo pudesse destruí-lo”. (Jornal do Brasil, 11 de março de 1970, p. 11).

Havia suspeitas de que o incêndio tivesse acontecido em decorrência de um curto-circuito. Mais tarde, porém, foi descoberto que a energia elétrica não estava ligada no momento do acidente. Nos jornais, ventilava-se a possibilidade de o incêndio ter sido provocado de forma criminosa. No entanto, a perícia constatou que provavelmente uma ponta de cigarro causou o transtorno.

Sobre o resultado da inspeção, o Jornal do Brasil publicou um editorial onde frisava de forma ácida:

“Não houve crime, não houve intenção criminosa. Um cigarro jogado distraidamente entrou por algum buraco do fôrro. Mas não há de ser nada. O povo vai pagar a despesa imensa de reconstruir o Maracanãzinho, que não estava no seguro, naturalmente”. (Jornal do Brasil, 13 de março de 1970, p. 6 – grifos nossos).

 

Tamanha foi a repercussão à época, que o acontecido serviu como justificativa de projeto que em 1973, pioneiramente, buscou coibir o fumo em aeronaves. O projeto de lei 1500 foi proposto um mês após um voo brasileiro pegar fogo em Orly, nas proximidades de Paris, provavelmente também em decorrência de um cigarro mal apagado. 100 pessoas morreram no acidente. De acordo com uma das justificativas do projeto:

“Não se apagou ainda de nossa memória o incêndio que destruiu o famoso Ginásio Maracanãzinho, na Guanabara, felizmente sem vítimas. E pasmem os que não souberem: segundo o perito Luís Augusto Boisson, do Instituto de Criminalística daquele Estado, um cigarro mal apagado que levou cerca de 30 horas a se consumir sob o teto daquele lugar de diversões foi a causa do sinistro”. (PL 1500, de 1973).

 

O Maracanãzinho, inaugurado em 1954, foi construído no Complexo do Maracanã, com capacidade para acomodar 13.613 pessoas. Batizado como Ginásio Gilberto Cardoso, em homenagem ao ex-presidente do Clube de Regatas do Flamengo, o ginásio possuía, sobretudo nesse período, valor inestimável. A quadra multiuso, além de receber jogos de futebol de salão, vôlei, basquete e handebol em competições nacionais e internacionais, funcionava também como uma das maiores casas de espetáculo da cidade do Rio de Janeiro, então Estado da Guanabara. Foi palco de inúmeros festivais que marcaram época, como o Festival Internacional da Canção, que ocorreu de 1966 a 1972, revelando importantes nomes da Bossa Nova e da MPB. Comportando atividades bastante plurais, na ocasião do incêndio, o ginásio receberia o concurso Miss Brasil, que precisou ser transferido para o Pavilhão de São Cristóvão.

Segundo matéria do jornal Correio da Manhã (RJ), publicada em 10 de março de 1970, “com uma área de 10 mil metros quadrados, o Maracanãzinho tornou-se um dos maiores ginásios cobertos do mundo e sua construção, iniciada em 13 de abril de 1953 e concluída em 24 de setembro de 1954, custou – até 1953 – “18 milhões de cruzeiros antigos”.

 

Fonte: Evento no Maracanãzinho com a presença do presidente Juscelino Kubitschek, 1958. Arquivo Nacional, BR RJANRIO EH.0.FOT, PRP.6800.

A contratação de seguros para proteção das instalações de estádios e arenas que abrigam grandes eventos é fundamental para a gestão de riscos e para a redução de prejuízos em eventuais acidentes.

Os prejuízos causados pelo sinistro ocorrido no Maracanãzinho poderiam ter sido minimizados pelo Seguro Patrimonial, que cobre desde riscos básicos a grandes riscos e riscos de engenharia, como incêndios, catástrofes naturais, danos estruturais, entre outros, e pela contratação de cobertura adicional de seguro de lucros cessantes, que teria garantido o ressarcimento financeiro do período em que o estádio ficou fechado para perícia e reconstrução.

“O Maracanãzinho parado representa um prejuízo de NCr$ 1 mil por ano em relação ao orçamento da ADEG”. (Correio da Manhã, 10 de março de 1970, p. 1).

 

Por sua importância, o ginásio, então gerido pelo governo do Estado da Guanabara, teve as suas obras de recuperação iniciadas pela Superintendência de Urbanização e Saneamento – SURSAN, órgão subordinado à Secretaria de Obras Públicas. Após os peritos da secretaria verificarem que o prédio não estava comprometido e que a cúpula poderia ser reconstruída, a autarquia foi a responsável pela finalização das obras. O Maracanãzinho foi entregue ao público no início do ano seguinte.

Fonte: Detalhes da cúpula do ginásio sendo reconstruída, 1970. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, BRRJ.AGCRJ.GB.SOP.NL.STD.01.01.

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Fonte: Acervo Cedom/CNseg

 

Publicado em 22.11.2022

 

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