No ano em que se realiza a 38ª edição da Conferência Hemisférica de Seguros, o Centro de Documentação e Memória do Mercado Segurador – CEDOM apresenta um panorama sobre as diferentes fases do encontro. Faltando pouco para a FIDES RIO 2023, que acontece entre 24 e 26 de setembro, a cada semana analisaremos duas décadas do evento, considerando as suas principais características e decisões que impactaram o setor.
Transformações econômicas, tecnológicas e projeção internacional em um cenário de crise nas décadas de 1980 e 1990
As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pela grande inflação que afligia os países americanos após as duas crises internacionais do petróleo vivenciadas nos anos 1970. Corroborando o momento, a primeira FIDES realizada na década de 1980, em Acapulco, teve como tema central “Inflação e Seguro”. As dificuldades econômicas continuaram a ser sentidas pelos países americanos na década seguinte, conforme deixa transparecer um dos assuntos da conferência realizada em 1993, em Cartagena das Índias: “A crise comercial e a falta de capacidade do Resseguro Mundial e da Seguridade Social”.
Cerimônia de encerramento do 24º encontro da FIDES / Memorias, 1993, p. 25. (CEDOM).
Para o Brasil, apesar das crises, o período foi de avanços. Em 1985, no Panamá, Clínio Silva assumiu a presidência da FIDES. Era a primeira vez que um segurador brasileiro chegava ao posto. O executivo havia presidido a Fenaseg entre 1980 e 1983 e contou com a indicação do então presidente da federação, Victor Arthur Renault, que teve apoio dos membros da delegação brasileira, formada por João Carlos de Almeida Braga (Bradesco), Octávio Cézar do Nascimento (SulAmérica), Jorge Estácio da Silva (Bradesco), Sérgio Suslik Wais (Gente) e Hélio Araújo (IRB).
A década de 1990 significou uma fase de expansão da Conferência, sendo iniciada com uma novidade: pela primeira vez a FIDES acontecia fora do continente americano. Realizado em Madri, em 1992, o encontro teve como pano de fundo as comemorações pelos 500 anos da chegada dos europeus às Américas. De acordo com a Revista de Seguros, compareceram ao evento 2.400 profissionais do seguro, provenientes de 53 países e representando 80% do mercado mundial. (Revista de Seguros, mai/jun de 1992, p. 16). O encontro teve como tema principal “O Seguro Privado no limiar do século XXI”.
Além das características já destacadas, os anos 1990 podem ser lembrados também como uma fase de grandes transformações tecnológicas. Encontros como os de Washington (1995), Cidade do México (1997) e Panamá (1999), tocaram de diferentes maneiras em temáticas como a tecnologia em seguros. A fraude em seguros foi outro assunto que apareceu como uma questão durante as conferências, inclusive tendo a tecnologia como aliada em seu combate.
Abertura da 25ª Conferência, realizada em Washington (CEDOM).
Além de debater tecnologia, a Conferência de Washington resultou em grande visibilidade para o mercado brasileiro. Com o fortalecimento da moeda, contenção da inflação e o início dos debates sobre a abertura do mercado de resseguros para a iniciativa privada, o país recebeu na ocasião atenção especial do mercado segurador internacional, que questionava como esse capital seria tratado nesse processo. Segundo matéria veiculada no jornal Monitor Mercantil, “As seguradoras presentes à XXV Conferência Hemisférica de Seguros (Fides 95), organizada pela Federação Internacional de Seguros (Fides) e ocorrido em Washington (EUA), transformaram o evento, que deveria discutir tecnologia do seguro no mundo, em verdadeiro encontro de negócios. Houve muita troca de informações entre os representantes dos países presentes, sendo que o Brasil foi a grande vedete da Conferência”.
Foram sedes da Conferência nas duas décadas: Acapulco (1981), São Francisco (1983), Panamá (1985), Assunção (1987), Buenos Aires (1989), Madri (1992), Cartagena das Índias (1993), Washington (1995), Cidade do México (1997) e Cidade do Panamá (1999).
Publicado em 23.08.2023