Estudos demonstram que a mulher brasileira vem ampliando a sua participação no mercado de trabalho. No segmento de seguros não é diferente. Um marco emblemático da inserção da mulher no seguro se deu em 1982, quando Beatriz Rosa Sanchez de Larragoiti Lucas assumiu a direção da SulAmérica.
Bisneta de D. Joaquim Sanchez de Larragoiti, fundador do Grupo, Beatriz revelou-se uma grande estrategista. Em um contexto marcado por forte crise econômica firmou novas parcerias, reestruturou a gestão executiva e investiu na qualidade dos serviços prestados aos segurados, iniciativas que fizeram com que a SulAmérica retomasse o crescimento.
Trinta e cinco anos após o pioneirismo de Beatriz Larragoiti, apesar de em muitas organizações e em setores empresariais distintos ainda existir uma clara dificuldade de a mulher atingir postos mais altos na carreira, os indicadores do mercado segurador são animadores. Se em 2000 as mulheres representavam 49% da mão de obra, em 2015 este percentual subiu para 57%, distribuição similar a do mercado americano, no qual as mulheres representam 60% do total de funcionários, segundo dados do estudo realizado pela Escola Nacional de Seguros, “Mulheres no mercado de seguros no Brasil”, em 2016.
Em entrevista ao Centro de Documentação e Memória do Mercado Segurador, em 26 de abril de 2017, Maria Helena Monteiro, autora do estudo, afirmou que muito já se fala sobre a importância do estilo feminino de liderança – que acredita numa participação mais democrática, de decisões compartilhadas, e de relacionamentos interpessoais mais valorizados. Segundo ela, na expansão do mercado segurador, esse estilo começa a ser cada vez mais valorizado, porque ele adquire um significado especial na atração e retenção dos clientes, que constituem um mercado totalmente diversificado. Quando indagada sobre os desafios enfrentados pelas mulheres que conciliam a carreira e a maternidade, Maria Helena Monteiro afirmou que não existe receita mágica – é uma decisão pessoal de cada mulher, e que demanda dedicação, comprometimento, e algumas vezes renúncias em diversos graus, além de muita energia e disponibilidade para dar conta de tantas demandas. A resiliência é imprescindível para as mulheres que embarcam nesse projeto de vida.
O Centro de Documentação e Memória do Mercado Segurador também ouviu, em 19 de abril de 2017, Vera Lúcia Ribeiro Barreto Paes, ex-diretora da Susep, que iniciou sua carreira no setor segurador, na década de 70.
Ingressei no Instituto de Resseguros do Brasil, através de concurso público, em 1977. Naquela época eu não conhecia o mercado de seguros. Para mim, foi o marco zero. Eu me dediquei muito, trabalhei muito, assumi cargos de chefia, e todos os desafios que me apresentaram eu enfrentei, nunca recuei. Em 2004, fui convidada para trabalhar na Susep, onde construí uma trajetória até chegar à Diretoria de Administração, em 2010.
Por algum tempo a mulher encontrou certa dificuldade de se inserir no mercado de seguros, mas os horizontes se abriram e a mulher está ganhando o seu espaço, e vem demonstrando que é capaz de enfrentar os desafios do setor.
Na opinião da presidente da FenaSaúde, vice-presidente nata e ex-diretora executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, o mercado segurador, hoje, é muito promissor para a contribuição profissional das mulheres que, por natureza, possuem um perfil multitarefas. Em entrevista ao Canal do Corretor de Seguros, do CQCS, em 9 de março deste ano, Solange Mendes, parabeniza as mulheres pelo excelente trabalho que desempenham no setor: Eu diria que o desafio da mulher é muito grande, devido às várias tarefas que se tem. A maioria tem família, filhos, e essa dupla jornada realmente exige da mulher uma energia muito grande. Eu sempre trabalhei. Tenho três filhos, uma neta, e esse desafio de conciliar a família com o trabalho é enorme. Me senti desafiada desde o início. Me senti capaz disso e acho que essa é a chave do sucesso. Parabéns às mulheres do setor.
