O Rio de Janeiro acaba de receber a Conferência Hemisférica de Seguros – FIDES Rio 2023. A Barra da Tijuca foi a base do evento, que aconteceu entre os dias 24 e 26 de setembro, no Centro de Convenções do Hotel Windsor Oceânico.
A cidade foi sede do evento em outras duas ocasiões. Na primeira edição realizada no Brasil, em 1954, o tema em debate foi a “Liberdade do Seguro”. A edição seguinte, em 1979, teve como destaque as “Novidades em Seguros”. O 38º encontro, organizado pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização – CNseg, teve como tema central: “Seguros para um Mundo mais Sustentável”, refletindo uma preocupação com a agenda ASG que vem se ampliando, sobretudo na última década, quando o tema começou a receber maior atenção do mercado de seguros.
Originalmente, a 38ª edição da FIDES seria realizada em 2021. Em razão da pandemia da Covid-19, o evento precisou ser transferido para 2023. O lançamento do encontro ocorreu em novembro de 2022, em Santiago. Durante a sua estadia no Chile, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, assinou o Acordo de Cooperação de Seguros entre países do cone Sul – Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. O acordo busca aumentar o intercâmbio entre os países signatários, assim como a troca de informações, conhecimento e experiência, sobretudo nas áreas de ASG, Open Insurance e Cyber Risks. Foi o primeiro acordo assinado nesse modelo.
A FIDES Rio 2023 contou com quatro painéis – Insurance Global Trends; Transformação Digital; ESG; Segurança Cibernética – com a presença de representantes da Prudential, do IRB(Re), da Swiss Re, da Porto Seguro, do Climate Policy Initiative, dentre outras entidades do setor segurador e da área do meio ambiente.
Guia da 38ª Conferência, realizada no Rio de Janeiro.
Durante o evento, especialistas destacaram o papel do setor diante das questões climáticas e dos desafios e perspectivas da agenda ESG no Brasil e na América Latina, que deu nome ao painel. De acordo com a Diretora Geral do Climate Policy Initiative, Barbara Buchner, o setor de seguros possui grande capacidade de mapear e prever riscos, sendo, portanto, essencial sua participação ativa nas discussões sobre o clima, seja no legislativo ou frente aos tomadores de decisão.
Painel “Desafios e perspectivas da agenda ESG no Brasil e na América Latina” – FIDES Rio 2023.
Ao final do evento, foi expedida a Declaração do Rio de Janeiro, que destacou desafios para o mercado segurador e para os governos, no sentido de mitigar efeitos da crise climática. Segundo o documento:
“Nuestro sector tiene um rol importante em la lucha y adaptación contra dicho fenómeno. Podemos contribuir combinando la protección asseguradora com servicios de prevención y esquemas de transferencia de riesgos que cubren los impactos negativos del cambio climático. El seguro no puede impedir que los sucesos climáticos ocurran, pero al menos puede evitar que cuando tienen lugar, dejen a quienes lo sufren, especialmente a las personas más vulnerables, sin recursos para afrontar el futuro”.
No Brasil, a assinatura do Protocolo Verde foi a primeira operação nesse sentido. Firmado em 25 de setembro de 2009 pela CNseg, o Ministério do Meio Ambiente, e o Sindicato das Seguradoras do RJ/ES, o documento significou um marco para a inserção do conceito de Sustentabilidade nas operações de seguros. Em 2012, a partir de um termo aditivo, foi criada uma Comissão Especial formada por representantes do Ministério do Meio Ambiente, CNseg, Sindseg ES/RJ, Susep, Ministério da Fazenda e Secretaria Estadual do Meio Ambiente para acompanhar as ações do setor e apresentar sugestões para a elaboração de programas e planos voltados ao desenvolvimento sustentável.
Outros momentos foram essenciais para a expansão da pauta no país, como a adesão aos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI). O documento foi assinado pela CNseg, Bradesco Seguros, SulAmérica, Mongeral, e Itaú Unibanco Seguros, além de outras 29 companhias estrangeiras durante o 48º Seminário Anual da International Insurance Society (IIS), encontro realizado paralelamente à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Após o evento, a CNseg instituiu a Comissão de Sustentabilidade e Inovação (CSI), posteriormente denominada Comissão de Integração ASG (CIASG), incumbida de coordenar a atuação da Confederação no que tange a temas ligados às práticas ASG e à Sustentabilidade.
Desde 2015, a CNseg publica o Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros (2015 / 2016 / 2017 / 2018 / 2019 / 2020 / 2021 / 2022). Respeitando as diretrizes internacionais da Global Reporting Initiative (GRI), o conjunto também representa mais uma evidência do compromisso do setor com a integração de riscos ASG na estratégia de negócios e na cultura organizacional das companhias de seguros.
Último Relatório de Sustentabilidade publicado pela Confederação, em 2023.
Publicado em 18.10.2023