Filho de Leonardo Petrelli e Alice Guilhon Gonzaga Petrelli, Mário Petrelli nasceu em Florianópolis (SC), em 31 de maio de 1935, cursou Direito, e a partir de 1960 foi se afastando da advocacia para se dedicar a outra grande missão: a de desenvolver o mercado de seguros no Brasil.
Antes mesmo de ingressar no setor segurador, foi graças à sua habilidade política que Petrelli viabilizou um projeto de massificação de seguros para servidores públicos dos Estados do Paraná e de Santa Catarina. O convite de Roberto Boavista, dono da Boavista Seguros, veio logo em seguida.
Décadas mais tarde, em entrevista ao CPDOC da FGV, Petrelli afirmou: “A minha visão, desde o primeiro dia foi exatamente a de procurar massificar o seguro (…) queria levar o seguro ao povo, fazer com que o povo conhecesse o seguro…” (PETRELLI, 2006/2007, p.2).
O seguro foi levado a milhares de brasileiros por meio de grandes eventos protagonizados pelo ator Paulo Afonso Miessa, mais conhecido como Paulo Goulart. Os eventos atraíram multidões por meio de sorteios de bicicletas e cheque-auditório. Este projeto foi desenvolvido em parceria com a Federação das Indústrias de Santa Catarina, a Federação das Indústrias do Paraná, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul e da Associação Comercial de São Paulo. Foi um enorme sucesso.
Petrelli entendia que era necessário redefinir a percepção sobre seguros que era cultivada pela sociedade brasileira. Para ele, era imprescindível que a população compreendesse a sua relevância social. Então ele apresentou a Amador Aguiar, presidente do Banco Bradesco, um ousado projeto que previa a criação de apólice com valor acessível a todo brasileiro, vendida via rede bancária, e que teria parte do lucro revertido para a educação.
A proposta não só foi aceita como também aperfeiçoada por Amador, que reverteu a totalidade dos resultados do empreendimento para uma grande campanha de alfabetização. Em 05 de março de 1970, foi lançado o Top Club – Turismo, Organização e Previdência, uma entidade voltada para a oferta de seguro de vida em grupo conjugado com seguro coletivo de acidentes pessoais, garantido pela Boavista e pela SulAmérica. A cerimônia ocorreu no Iate Clube do Rio de Janeiro e contou com a presença de grandes personalidades do setor econômico e político, além do embaixador dos EUA.
Em 22 de setembro de 1970, um fato inusitado ganhou destaque nas páginas dos jornais. A viúva Assunta Spinelli Battastini recebeu uma indenização de 30 mil cruzeiros do plano, que teve uma única mensalidade paga por seu marido antes de morrer, o Sr. Sila Baptista Battastini. O pronto atendimento, sem a exigência de período de carência, trouxe visibilidade ainda maior.
Rapidamente o Top Club se transformou na maior apólice de seguro de vida do mundo, contemplando cerca de 1,6 milhão de segurados. Nas palavras do presidente do Bradesco, o Top Club não era um simples negócio, mas “um instrumento de captação de recursos para uma obra de duplo alcance social. De um lado, democratizando o seguro . De outro, proporcionando o acesso à educação básica e gratuita.” (Revista O Cruzeiro, 26 de janeiro de 1972, página 84).
Falecido em 22 de abril, Petrelli entra para a história como um dos maiores expoentes do mercado segurador brasileiro.
Na década de 1960, foi diretor executivo do Grupo Boavista, que mais tarde veio a se chamar Atlântica Boavista, após a aquisição pelo Grupo Atlântica. Na Atlântica Boavista foi vice-presidente executivo de produção nacional até 1983, quando veio a aquisição pelo Bradesco e assumiu a vice-presidência executiva de produção geral, na nova empresa.
Nos anos seguintes Petrelli fundou diversas entidades do setor, como o Conselho Administrativo da Santa Catarina Seguros e Previdência; o Grupo Roma Seguradora; a Brasilcap e a Federalcap. Também foi diretor do Grupo Icatu e membro do conselho fiscal da Caixa Capitalização.
Petrelli desempenhou importante papel em instituições representativas do setor. Foi presidente do Sindseg PR/MS, da Comissão Permanente de Propaganda e Publicidade (CPPRP) da Fenaseg e do IRB, e vice-presidente dos Conselhos Diretores da Confederação Nacional de Seguros e da Fenaseg até o seu falecimento.
A sua trajetória foi marcada por diversas honrarias, como a conquista do Prêmio Destaque da História do Seguro Brasileiro, da Academia Nacional de Seguros e Previdência. Nas palavras de Márcio Coriolano, Presidente da CNseg, Mario Petrelli foi um gênio político, comercial e dos negócios do setor, cuja sabedoria deve ser guardada.