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CNSeg - Confederação Nacional das Seguradoras

O Carnaval do Rio de Janeiro e o seguro para grandes eventos

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O Carnaval carioca é um dos mais tradicionais do mundo. As escolas de samba do Rio de Janeiro fizeram o seu primeiro desfile em 1932, na antiga Praça Onze. Após passar por outras avenidas, somente em 1984, com a construção do sambódromo, o espetáculo passou a ter as características que mantém hoje. Desde então, muitas seguradoras protegeram o evento, que recebe por dia mais de 70 mil espectadores, além dos componentes das escolas e dos profissionais envolvidos.

Primeiros desfiles

Antes de chegarem ao sambódromo, os desfiles das escolas de samba passaram por outras avenidas do Rio de Janeiro. O primeiro desfile oficial de escolas de samba da cidade aconteceu na praça Onze, em 1932. Considerada o berço do samba, era na casa de Tia Ciata que se reuniam as personalidades que deram origem ao ritmo e ao evento. 

Nos anos 1940 tudo mudou. A praça Onze veio abaixo com as obras de construção da Avenida Presidente Vargas. Os desfiles, no período, ocorreram no estádio São Januário. 

Com a abertura da via em 1944, os desfiles de carnaval passaram a acontecer na avenida Presidente Vargas. Em 1957, graças à popularidade alcançada, a festa foi transferida para a avenida Rio Branco, onde permaneceu até 1962, quando foi transferida para a Candelária. De acordo com o G.R.E.S. Portela, “o primeiro desfile de escolas de samba com arquibancadas para assistência, vendidas ao público, foi no carnaval de 1962, na Avenida Rio Branco, com 3.500 lugares”.

Fonte: Desfile da G.R.E.S. Salgueiro na Avenida Presidente Vargas, 1963. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Francisco Duarte

A partir de 1978, os desfiles chegaram ao destino atual. Embora acontecessem na Rua Marquês de Sapucaí, inicialmente não havia uma estrutura definitiva. De acordo com a Revista Municipal de Engenharia, “todos os anos, eram montadas e desmontadas na época do carnaval, as arquibancadas com estrutura de ferro tubular. Isto causava, além das despesas, uma perturbação na região, por um período que ia de 3 a 4 meses.” (Revista Municipal de Engenharia, out/dez de 1983, p. 3)

E há 40 anos, a construção do Sambódromo

Por tudo isto, se pensou na construção de um local adequado para o evento, cujo projeto foi entregue ao renomado arquiteto Oscar Niemeyer. As obras para a construção do Sambódromo se iniciaram em 17 de outubro de 1983 e foram finalizadas em 17 de fevereiro de 1984, às vésperas do carnaval, que neste ano aconteceu em março. Assim, há 40 anos o sambódromo é a casa do samba no carnaval carioca.

Além da estrutura para o evento, a construção previa um complexo educacional, formado por creche, maternal, Pré-escola, 1º Grau, Ensino Supletivo, Escola Parque, Escola de Dança e Ginástica e Escola de Música – o Centro Integrado de Educação Pública (CIEP). O espaço contava com 10.000 m² de área, 200 salas de aula, com capacidade para receber 15.000 crianças. 

Segundo expresso pela Revista, “na ‘Avenida do Carnaval’, o desfile dos estudantes durante todo o ano será o dado de realidade que dará mais força e beleza à fantasia das Escolas de Samba, expressão fascinante da sensibilidade cultural de nosso povo”. (Revista Municipal de Engenharia, out/dez de 1983, p. 13).  

Fonte: Início das aulas no Sambódromo, 27 de agosto de 1984. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Francisco Duarte.

Com a complexidade alcançada pelo evento, os alunos deixaram o espaço em 2010, que atualmente só mantém a creche em funcionamento.

O carnaval e o seguro na Sapucaí

Muitos riscos envolvem o evento, que reúne, somente nas arquibancadas, mais de 70 mil telespectadores por dia de desfile. 

Nos primeiros anos do sambódromo, o carnaval do Rio de Janeiro era protegido pela Meridional Companhia de Seguros Gerais. Em 1999, um pool de companhias garantia a proteção no Sambódromo que, segundo a Revista de Seguros, poderia ter o valor da apólice ultrapassando US$ 1 milhão no ano seguinte. Nos anos 2000, a Mapfre era a responsável pela apólice. 

Quinze anos após o primeiro desfile passar pelo Sambódromo, a Revista de Seguros fez uma matéria exclusiva sobre o Carnaval carioca e as coberturas envolvidas. De acordo com o corretor responsável pela contratação de seguros em 1999, “ao ingressar na Passarela do Samba com um cartão magnético, os foliões já estão protegidos contra qualquer tipo de acidente pessoal”. (Revista de Seguros, out-nov de 1999, p. 22). Os contratos cobrem riscos de acidentes pessoais dos espectadores, das pessoas que participam dos desfiles e de todos os profissionais envolvidos na realização do espetáculo. 

Antes mesmo da construção do sambódromo, os foliões que assistiam ao carnaval na Marquês de Sapucaí já estavam protegidos pelo seguro das arquibancadas, oferecido pelas construtoras, e pelo seguro contratado pela Riotur ao Banerj, que previa a indenização de cem mil cruzeiros, em caso de morte ou invalidez permanente. 

A construção do Sambódromo facilitou a contratação de seguros, mas criou novos desafios. Intitulada “Coberturas limitam-se à área dos desfiles”, a matéria da Revista de Seguros destacou a necessidade de expandir as coberturas para além do espaço físico da Marquês de Sapucaí. O artigo rememorou acidentes que aconteceram nos anos anteriores, como uma alegoria da Viradouro que pegou fogo em pleno desfile e um empurrador que morreu eletrocutado após o carro tocar a rede de alta tensão da rua Frei Caneca. Conforme ressaltou: “Se o acidente com o empurrador tivesse ocorrido entre a concentração e a dispersão (final do desfile), estaria protegido por uma apólice”. (Revista de Seguros, out-nov de 1999, p. 22).

Em entrevista recente ao Infomoney, Fabio Barreto, presidente da comissão de Responsabilidade Civil da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) ressaltou a importância da contratação de forma complementar das coberturas de acidentes pessoais e responsabilidade civil:

“Muitas vezes as apólices (contratos) de acidentes pessoais têm um limite razoavelmente baixo. Onde que entra a responsabilidade? Muitas vezes na falta dessa cobertura maior. Não só pelo fato de realmente existir a responsabilidade do organizador do evento, mas imagine que essa pessoa [que sofreu um acidente ali] fica inválida e tem uma cobertura de R$ 20 mil [de acidentes pessoais]. Às vezes não é suficiente para poder sustentá-la. Então se busca, através do seguro de responsabilidade, complementação do valor de indenização para a família”, ressalta Barreto. (Infomoney, 2024).

É importante destacar que para que as apólices sejam garantidas, é necessário que os organizadores sigam normas rígidas e garantam o bem-estar dos foliões, com segurança do evento, banheiro, água etc.  

Além do seguro contratado para a realização do espetáculo, camarotes e lanchonetes que funcionam durante o carnaval dentro do Sambódromo, também contratam apólices específicas, protegendo os consumidores de intoxicação alimentar ou mesmo de danos causados aos clientes dentro dos estabelecimentos.

 

Publicado em 09.02.2024

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