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CNSeg - Confederação Nacional das Seguradoras

O papel de Luiz Mendonça na disseminação da cultura do seguro

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            Luiz Mendonça ingressou no mercado de seguros em 1939, na Seguradora Indústria e Comércio, sediada em Recife (PE), sua terra natal. Durante a década de 40, desempenhou um importante trabalho no Comitê Local Pernambucano de Seguros, que acabara de ser reorganizado com a adoção de novo Regulamento. O convite para assumir o Departamento Técnico e a Secretaria veio do Sr. Carlos Maia D’Amorim, então secretário da entidade. Entre as suas principais realizações no Comitê, destacam-se: a coordenação de campanha contra roubos de mercadorias nos transportes marítimos, a publicação de profícuos trabalhos sobre seguro de acidentes do trabalho, e a criação do “Boletim Técnico” e da “Revista Assoseg”, a primeira publicação especializada em seguros do Norte do país. Luiz Mendonça também foi liquidador de sinistros ocasionados por incêndio de diversas companhias de seguros que operavam em Recife.

Em setembro de 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde deu continuidade à prestação de relevantes serviços ao mercado segurador brasileiro na Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização – Fenaseg, que acabara de ser fundada. Na capital da República, continuou a colaborar com a “Revista Assoseg”, assumiu a Assessoria Técnica do Sindicato das Empresas de Seguros do Rio de Janeiro, e passou a integrar a diretoria da “Revista de Seguros”, periódico que tem a missão histórica de “refletir as aspirações do mercado de seguros”, conforme ele mesmo afirmou em entrevista ao CPDOC da FGV anos mais tarde (MENDONÇA, 1996, p. 26). Ao chegar no Rio de Janeiro foi recebido de forma calorosa pela diretoria Revista de Seguros: 

 

Temos a satisfação de comunicar a todos os nossos leitores que a Revista de Seguros passa a partir deste número a contar com a colaboração efetiva e a assistência permanente de Luiz Mendonça, que acaba de aceitar o posto de um dos nossos diretores, na vaga de nosso saudoso companheiro João Santiago Fontes. 

Luiz Mendonça, apesar de muito jovem, não é um desconhecido nesta casa, pois as páginas da Revista de Seguros vêm sendo há muito honradas com artigos de sua lavra, nos quais tem ele podido demonstrar os seus amplos conhecimentos no terreno em que se especializou. 

(…) Embora muito moço, já apresenta Luiz Mendonça uma grande folha de serviços prestados ao seguro brasileiro. Sua brilhante inteligência e a sua sólida cultura adquirida no trato dos livros e na escola da experiência asseguraram-lhe uma carreira vitoriosa e um futuro dos mais promissores na especialidade que abraçou (REVISTA DE SEGUROS, setembro de 1951, p. 8). 

 

Além de ter sido colaborador, redator chefe, e diretor executivo da Revista de Seguros, Luiz Mendonça dirigiu o periódico durante o período que sucedeu à morte do seu proprietário, garantindo a sobrevivência da revista até que fosse transferida à Fenaseg, na década de 1980. Além disso, escrevia para jornais de ampla circulação – “Diário de Notícias”, “O Jornal”, “O Globo”, “Fax Seguros” e no “Jornal do Commercio” – sobre temas de interesse do mercado segurador.  

Em 1956, durante breve passagem por Recife, Mendonça recebeu carinhosa homenagem dos seguradores da sua terra natal. Vinte anos mais tarde voltou a ser homenageado pelos seguradores do Estado de Pernambuco durante um almoço de confraternização que foi abrilhantado pelos discursos de Ferreira dos Santos, presidente do Sindicato das Empresas de Seguros Privados de Pernambuco, e de Aloysio Sá, que esteve à frente do Comitê Local Pernambucano de Seguros e que foi gerente da filial da Sul América Terrestre Marítima – SATMA no Nordeste.  

            Em seu discurso de agradecimento prestou homenagens àqueles que considerava os grandes responsáveis pela evolução do mercado segurador e, consequentemente, pelo progresso da nação – os profissionais do setor – conforme registrou a edição de setembro de 1976 da “Revista de Seguros”: 

 

Embora grato pelo gesto com que me honram, entendo que devo devolvê-lo à origem, que são vocês próprios.  

O seguro, como todos sabemos, vem progredindo em escala excepcional à serviço das diversas comunidades brasileiras e do país como um todo. Isso não é outra coisa senão o resultado do trabalho coletivo dos profissionais que em todas as partes e nas diferentes funções servem com dedicação e competência à nossa instituição. Nesse trabalho coletivo me toca apenas uma parte, como a cada um dos membros de toda a nossa comunidade profissional, esta sim digna de ser homenageada pelo que vem fazendo e continuará a fazer. 

Talvez porque o ofício jornalístico ao longo da minha carreira profissional tenha constituído uma das facetas mais aparentes das minhas múltiplas atividades no campo do seguro, por isso mesmo me caiba o papel de espelho que reflete, não os meus méritos pessoais, mas o trabalho e as ideias de vocês todos, membros da família seguradora. Pois em tal ofício o que predominantemente faço é captar e difundir os fatos, tendências, aspirações, problemas e serviços do mercado segurador, cuja evolução tem contribuído com boa parcela para o desenvolvimento nacional. E é nesse espelho que agora se refletem os profissionais verdadeiramente dignos de homenagem (REVISTA DE SEGUROS, setembro de 1976, p. 9-10). 

 

            Luiz Mendonça também externalizou a alegria de retornar à sua terra natal:  

 

Por fim, só me resta agradecer a vocês, isto sim, pela oportunidade que me proporcionaram para mais uma das minhas escassas visitas à terra natal, desta feita para um convívio mais estreito e mais descontraído com os homens que fazem e engrandecem o seguro em Pernambuco.  

Hoje durante toda a manhã, em companhia do Ferreira, dei longo passeio de automóvel por toda a cidade, seus subúrbios e arredores. Foi uma jornada em que me acudiram muitas das melhores recordações da infância e juventude, pois aqui passei a metade da minha vida” (REVISTA DE SEGUROS, setembro de 1976, p. 10). 

 

Ao término do encontro, recebeu uma placa de prata com a seguinte inscrição: “Aqui perpetuamos a homenagem dos seguradores pernambucanos ao nosso conterrâneo jornalista Luiz Mendonça, uma vida e inteligência dedicadas à instituição do seguro” (REVISTA DE SEGUROS, setembro de 1976, p. 10). Naquela ocasião, ele era membro da Assessoria da Presidência do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB, chefe da Assessoria Geral da Federação das Empresas de Seguros, Secretário e Técnico do Sindicato das Empresas de Seguros do Rio de Janeiro, e Diretor da “Revista de Seguros”.  

Luiz Mendonça também foi o primeiro editor da “Cadernos de Seguros”, publicação que em 2021 completa 40 anos e que foi criada com a missão de ser “um canal para a divulgação de artigos técnicos e a discussão de temas exclusivamente ligados ao setor no Brasil”, conforme relata a coluna “Caderno do Editor” da edição comemorativa de 20 anos do periódico: 

 

Funenseg, julho de 1981. O chefe do Centro de Ensino da Escola, Evaldo de Souza Freitas, entra na sala do presidente Carlos Frederico Lopes da Motta para juntos discutirem a criação de uma revista a ser lançada pela Fundação. A ideia era fazer uma publicação que pudesse servir como canal para a divulgação de artigos técnicos e a discussão de temas exclusivamente ligados ao setor no Brasil. 

Aprovada a criação da revista, o próximo passo seria a escolha de um profissional que se engajasse no projeto e que tivesse todas as credenciais para comandar a edição da revista. E o escolhido foi o jornalista Luiz Mendonça. Três meses depois, em outubro de 1981, era lançado o primeiro número da Cadernos de Seguro (CADERNOS DE SEGURO, ano XXI, nº 109, setembro/outubro de 2001, p.6) 

 

Em 1997 a Fenaseg promoveu a publicação de uma coletânea de artigos de Luiz Mendonça intitulada “O Seguro em Retalhos”, fruto de uma meticulosa seleção de cerca de 15% dos 1.300 artigos publicados por Mendonça entre as décadas de 70 e 90. Editada pela Escola Nacional de Seguros, atual Escola de Negócios e Seguros, a obra contou com texto de apresentação do Sr. João Elísio Ferraz de Campos, à época presidente da Fenaseg e da Escola. No ano seguinte, a Fenaseg reinaugura a biblioteca em novo espaço – 9º andar – concedendo-lhe o nome do ilustre Luiz Mendonça, a fim de perpetuar “a memória de um dos mais dedicados profissionais do mercado segurador”, afirmou a Fenaseg. Naquela época ainda não se sabia, mas estas ações marcavam a despedida desta figura emblemática do setor (FENASEG, 2006, p.72). 

Após 50 anos de inteira dedicação ao seguro, Luiz Mendonça foi internado para uma cirurgia no estômago e veio a falecer em 20 de fevereiro de 2001, deixando a esposa, Wylma Furtado de Mendonça, um filho, e dois netos. O enterro foi realizado no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro. Neste mesmo ano a Fenaseg completou 50 anos e teve o seu aniversário marcado por uma homenagem emocionada à memória de Luiz Mendonça, que partiu deixando um legado indelével para as gerações futuras.  

Ainda em 2001 a Fenaseg também prestou homenagem na cartilha “Cap: o que você precisa saber sobre título de capitalização”, criada com o objetivo de divulgar conceitos do setor de Capitalização em linguagem simples e acessível. A publicação, que teve como público-alvo juízes, Procons e a imprensa, retrata em seu desfecho como se deu a construção da relação de Luiz Mendonça com este setor: 

 

“(…) a Capitalização, fazendo coro com a Indústria de Seguros e de Previdência Privada, lamentou a perda de um amigo. Um homem elegante, discreto, bem-informado, que dedicara mais de meio século de uma vida admiravelmente produtiva à difusão da cultura dos valores éticos e profissionais da atividade seguradora. 

(…) Ao lançarmos agora esta cartilha, era inevitável que nos lembrássemos dele. Do mesmo Luiz Mendonça que, de tal modo fascinado pelos seguros, até muito proximamente de sua morte ainda se mostrava reticente quando o assunto era a Capitalização. Mas aos poucos, e na medida em que eram mostradas a ele as virtudes e as vantagens deste modo de formação de reservas (…) Nós o conquistamos. Lentamente o trouxemos para nosso lado. Tivemos a felicidade de assistir, nos últimos anos de sua vida, ao entusiasmo demonstrado por esse extraordinário Luiz Mendonça em relação à nossa atividade. Pudemos ouvir dele, do alto de uma sabedoria multiplicada em milhares de artigos, pareceres, estudos ou simples bate-papos, uma adesão de convertido, firme, convicto, a respeito das vantagens da Capitalização para as pequenas economias populares e para a formação da riqueza nacional.  

Por tudo isso, e ainda mais, pela saudade que nos deixa esse amigo tão querido, queríamos dedicar a você, Luiz Mendonça, esta pequena obra (FENASEG, 2001, p.9) 

 

O Centro de Documentação e Memória do Mercado Segurador – CEDOM, uma iniciativa da Confederação Nacional das Seguradoras, reúne em seu acervo cerca de 2.000 artigos de sua autoria publicados em jornais de ampla circulação e na centenária “Revista de Seguros”, que por muitos anos imprimiu o brilhantismo desse ícone do setor em suas páginas. Clique Aqui para pesquisar sobre Luiz Mendonça no acervo.

Revista de Seguros, maio de 1956, p.41

Revista de Seguros, setembro de 1976, p.9

Publicado em 23.08.2021

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