Na década de 1950, o Brasil se via diante de uma grande encruzilhada histórica: de um lado, o passado representava o atraso e a estagnação, e de outro, o futuro acenava para a modernidade e o progresso. Apostando na campanha de Juscelino Kubitschek – “50 anos de progresso em 5 anos de realizações” – o jovem país, que acabara de completar 450 anos, deixava a névoa do imobilismo e se apressava em direção ao futuro.
Em resposta aos anseios da nação Juscelino Kubitschek executou o Programa de Metas, que o economista Carlos Lessa definiu como “a mais sólida decisão consciente em prol da industrialização na história econômica do país” (LESSA, 1983). O Programa reuniu 31 metas subdivididas em seis grandes grupos: Energia, Transportes, Alimentação, Indústrias de Base, Educação e a meta-síntese: a construção de Brasília. A expansão da indústria automobilística, em especial, impactou diretamente o setor de seguros, que registrou sucessivas altas nas vendas de seguro automóvel nos anos de 1956, 1957 e 1958.
A aspiração pelo moderno esteve presente em diferentes manifestações culturais que marcaram a década de 50, como o lançamento do disco “Canção do amor demais” de Elizeth Cardoso, em 1958 – marco inaugural da bossa nova no Brasil. A consonância da bossa nova com o espírito moderno levou o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, a convidar Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais a compor “Brasília, sinfonia da Alvorada”, para que fosse executada na inauguração da nova capital, o que acabou, contudo, não ocorrendo.
Projetada por Oscar Niemeyer, autor de projetos memoráveis no Brasil e no Exterior, Brasília é mundialmente conhecida como um dos mais expressivos exemplares da arquitetura contemporânea, símbolo da arquitetura e do urbanismo nacional.
Em 21 de abril de 1960, Brasília foi apresentada ao mundo como o grande centro das futuras decisões políticas do país, a Cidade da Esperança. Cerca de 200 mil pessoas de diferentes regiões compareceram ao evento, representando a diversidade cultural do povo brasileiro. As rádios de todo o Brasil transmitiram a mensagem do Papa João XXIII que, em português, definiu Brasília como “um marco milenar na gloriosa história”. Enquanto isso, do outro lado do mundo, a história da construção de Brasília circulava na imprensa japonesa como o “acontecimento do século”.
Para Oscar Niemeyer, Brasília entrava para a história bem mais do que um ícone de engenharia, mas como uma manifestação do espírito, da imaginação e da poesia. Em entrevista divulgada pelo jornal Correio Braziliense, na data da inauguração da nova capital, Augusto Xavier de Lima, então presidente do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB, afirmou: “Não resta dúvida que a promessa do presidente Juscelino, feita durante a sua campanha, está transformada em realidade: o avanço de 50 anos em 5 anos (…) Ninguém mais poderá deter o Brasil que entrou, em verdade, no caminho que há de levá-lo a ocupar o lugar que lhe cabe na história” (CORREIO BRAZILIENSE, 21 de abril de 1960).
A história de Brasília e do mercado de seguros conservam uma relação sinérgica e dialógica pois, na mesma medida em que o seguro desempenhou um importante papel na edificação de Brasília, a nova capital tem sido palco de momentos emblemáticos da história do seguro. A seguradora Equitativa cobriu todos os riscos de vida e ramos elementares da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap, responsável pela construção de Brasília. Em 1987, Brasília foi declarada pela Unesco Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade e, no ano seguinte, sediou um notório capítulo da história do país – a promulgação da Constituição de 1988 – e, mais uma vez, o seguro esteve presente. Em 1989, a Federação Nacional das Empresas de Seguros e Capitalização – Fenaseg inaugurou o seu primeiro escritório de representação em Brasília, a fim de acompanhar os trabalhos de regulamentação do artigo 192 da nova Constituição.
Inicialmente o escritório foi comandado por Heloísa Vilela, que no decorrer da sua trajetória profissional desempenhou um importante trabalho no Núcleo de Relações Públicas da Secretaria de Turismo do Governo do Distrito Federal, na Assessoria Intergovernamental das Empresas de Petróleo Ipiranga e na Assessoria de Marketing de lojas de departamentos de Boston, nos Estados Unidos. Vilela foi gerente do escritório em Brasília de 1º de novembro de 1989 a 1º de agosto de 2011.
Para a gestora, o reposicionamento da Câmara e do Senado Federal na esfera política exigia uma atuação mais dinâmica da Fenaseg. Era necessário acompanhar ainda mais de perto as tendências que iriam nortear o país, e encontrar meios de atuação que pudessem facilitar a compreensão dos parlamentares acerca das especificidades do setor de seguros (REVISTA DE SEGUROS, ano 72, nº 793, março/abril de 1991).
O novo escritório também contribuía para o maior estreitamento da comunicação entre o mercado segurador e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, conforme aponta a edição de março/abril de 1991 da Revista de Seguros: “É preocupação constante do escritório de Brasília (…) transmitir aos associados da Fenaseg os pacotes, Medidas Provisórias, Atos Normativos, Resoluções e outras regulamentações governamentais” (REVISTA DE SEGUROS, ano 72, nº 793, março/abril de 1991).
Em 1992, o escritório de representação em Brasília foi ampliado, passando a contar com a expertise do Diretor de Relações Governamentais, Antonio Mazurek, que acumulou sólida experiência na esfera Legislativa no decorrer do seu mandato de vereador, entre 1969 e 1972, em Toledo (PR), e de deputado federal, entre 1979 e 1986.
Brasília inspirou o nome dado à primeira grande manifestação conjunta do mercado segurador: a Carta de Brasília (1992). Considerada um ponto de inflexão na história do setor, o documento foi a primeira proposta integrada das seguradoras ao governo. Para Verena Alberti (2001):
A Carta de Brasília foi a primeira manifestação conjunta do setor das empresas de seguro colocada publicamente como uma plataforma de demandas e de propostas concretas ao governo. Ela representa um divisor de águas no meio empresarial de seguros e previdência privada, tão acostumado a uma colaboração passiva com as decisões do Estado (ALBERTI, 2001).
A Carta de Brasília também foi destaque no livro que marcou o cinquentenário da Fenaseg – “Do retrato de Vargas à Carta de Brasília” – de autoria do jornalista Paulo Amador. Concebida para ser instrumento de diálogo e uma plataforma de ação, a Carta de Brasília ficou conhecida como a “política dos três dês” – desestatização, descentralização, e desregulamentação – por defender uma economia de mercado e de livre concorrência que promovesse a eficiência econômica e o progresso socialmente justo.
Sob um regime de representação espelhado – no qual a Fenaseg atua no exercício de sua função de entidade sindical superior, filiada à Confederação Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF), e a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) desenvolve as atividades de coordenação e suporte técnico, organizacional e institucional a projetos e atividades de interesse comum das Federações associadas – a CNseg inaugurou, em 2013, novas instalações em Brasília. Nesse contexto foi criada a Superintendência de Relações Governamentais, que ficou sob a responsabilidade de Miriam Mara Miranda, entre 20 de maio de 2013 e 06 de janeiro de 2015, profissional com vasta experiência no Governo Federal, especialmente nos gabinetes do Ministério da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Casa Civil.
Com o objetivo de fortalecer ainda mais a relação com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em 18 de maio de 2015, Miriam Mara Miranda assumiu a Diretoria de Relações Institucionais, a qual substituiu a Diretoria de Relações Governamentais.
“O novo escritório da CNseg ocupa 286 metros quadrados no Edifício Brasília Trade Center e conta com auditório para até 50 pessoas, salas de reunião e da presidência administrativa”, noticiou a edição do primeiro trimestre de 2013 da Revista de Seguros (REVISTA DE SEGUROS, ano 89, nº 884, Janeiro/Fevereiro/Março de 2013).
Para Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora executiva da CNseg, “as mudanças no escritório indicam um olhar mais amplo do setor no sentido não apenas de acompanhar o movimento político, mas também de participar e mostrar que a atividade seguradora é imprescindível para a vida do país” (REVISTA DE SEGUROS, ano 89, nº 884, Janeiro/Fevereiro/Março de 2013).
Sessenta anos após o início da construção de Brasília, o lançamento oficial do Programa de Educação em Seguros no coração do Brasil, em 2016, selava o compromisso histórico do setor com o progresso da nação. Na manhã do dia 19 de outubro, o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, comandou a solenidade que contou com a presença do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, do ministro do STJ Ricardo Cueva, além de vários parlamentares e autoridades dos ministérios da Fazenda, Saúde, Educação, Justiça e da Casa Civil, e de representantes da ANS e da Susep.
O Programa, que neste ano celebra cinco anos, além de levar informações qualificadas ao consumidor de seguros através da Rádio CNseg, do “Canal Seguro” no Youtube, de livretos, guias e cartilhas, está presente no Facebook, LinkedIn e YouTube e, a partir de 08 de fevereiro de 2021, passou a disseminar a cultura do seguro também através do Instagram.